Paridade e a Reunião do Consuni

Reproduzimos aqui um excelente post do Blog da Liberdade.

Hoje haverá nova reunião do Conselho Universitário (CONSUNI), orgão deliberativo máximo da Universidade de Brasília e que é por essência uma “corporação de pessoas com igual categoria ou dignidade.” Antes, pois, faremos uma descrição da última reunião deste CONSUNI ocorrida em 01 de junho de 2012.

Passado os informes, foi aberto espaço para que todos os conselheiros ali presentes opinassem sobre o melhor processo de indicação do nosso próximo gestor. A mesa presidida pelo Magnífico Reitor José Geraldo de Sousa Júnior apresentou a proposta da Administração Superior, ou seja, uma consulta informal nos moldes de 2008*.

A maioria das falas dos conselheiros giraram em torno da oportunidade da proposta desta Administração, da necessidade dos docentes levarem tal modelo para suas Unidades Acadêmicas ou se havia ou não inconsistências procedimentais que poderiam inviabilizar uma consulta informal.

Nós da Aliança pela Liberdade levantamos pontos como: Se a consulta será informal, então o Consuni não poderá ao menos criar a Comissão Organizadora da Consulta? Se estamos numa Universidade autônoma, por que então delegar a associações privadas algo que decidirá o futuro de um bem público como é a Universidade de Brasília?

Embora a sessão do CONSUNI já durasse mais de quatro horas e eram diversos os pedidos de docentes para consultar suas Unidades, a mesa decidiu colocar em processo de votação a sua proposta. A Aliança pela Liberdade solicitou, como prevê o regimento da Universidade de Brasília, votação nominal, afim de que todos os conselheiros ali presentes pudessem fundamentar da melhor maneira possível seus votos.

Mais em: É o CONSUNI uma assembléia de pares?

USP mantém posto de melhor universidade da América Latina

Brasil é nação com mais instituições na lista de 250 universidades da região, mas o Chile leva vantagem entre grupo das dez primeiras

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/usp-mantem-posto-de-melhor-universidade-da-america-latina

12/6/2012

 

A Universidade de São Paulo (USP) é a melhor instituição de ensino superior da América Latina, de acordo com o ranking divulgado nesta terça-feira pelo QS Quacquarelli Symonds, consultoria britânica especializada em educação superior. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aparece em terceiro lugar, atrás da Pontificia Universidad Católica de Chile, que ocupa a segunda posição. O ranking completo pode ser visto no site da QS.

Outras instituições atestam o domínio brasileiro no ensino superior da região. Além da USP e Unicamp, aparecem no topo as federais do Rio de Janeiro (UFRJ, em 8º), Minas Gerais (UFMG, em 13º), Rio Grande do Sul (UFRGS, em 14º) e São Paulo (Unifesp, em 15º). Das 250 instituições citadas, 65 são do Brasil – 26% do total.

O QS Rankings é elaborado a partir de quatro eixos centrais: pesquisa, ensino, empregabilidade e internacionalização. Além da opinião de acadêmicos e profissionais de todo o mundo, a avaliação considera um banco de dados com mais de 18.000 títulos de mais de 5.000 editoras internacionais para assegurar a relevância das publicações oriundas das universidades.

 

As 10 melhores universidades da América Latina

2012

2011

Nome da instituiÇÃo

PaÍs

Posição

Posição

   

1

1

Universidade de São Paulo (USP)

BRASIL

2

2

Pontificia Universidad Católica de Chile

CHILE

3

3

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

BRASIL

4

4

Universidad de Chile

CHILE

5

5

Universidad Nacional Autónoma de México (Unam)

MÉXICO

6

6

Universidad de Los Andes Colombia

COLÔMBIA

7

7

Tecnológico de Monterrey (Itesm)

MÉXICO

8

19

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

BRASIL

9

12

Universidad de Concepción

CHILE

10

21

Universidad de Santiago de Chile (USACH)

CHILE

Fonte: QS Quacquarelli Symonds

A participação brasileira não se restringe às instituições públicas. Diversas universidades privadas aparecem na lista. As mais bem colocadas são as Pontifícias do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e São Paulo (PUC-SP), em 18º e 28º, respectivamente.

Com 65 instituições selecionadas, o Brasil está em primeiro lugar entre as nações da região. Depois, figuram México (46), Colômbia (34), Chile (30), Argentina (26) e Peru (10). Equador e Venezuela têm 6 universidades citadas cada uma, enquanto Cuba possui 5. Ainda se destacam Uruguai (4), Costa Rica (3), Paraguai (3), República Dominicana (3), Bolívia (2), El Salvador (2) e Panamá (2).

“O ranking mostra que o Brasil tem priorizado a pesquisa”, afirma em nota Danny Byrne, editor do TopUniversities.com, site que publica o QS. “O Brasil tem nove universidades, entre as dez latinas com mais trabalhos acadêmicos por docentes, e nove do total de dez com maior proporção de docentes com PhD.” Catarina Roscoe, diretora do QS Consulting, no entanto, alerta: “Embora essas realizações demonstrem que o Brasil está indo na direção certa, uma análise mais profunda da situação do país mostra que ainda há muito a ser feito.”

De acordo com a especialista, as universidades da região ainda estão muito aquém dos centros de excelência da América do Norte, Europa e Ásia. No último levantamento mundial feito pela QS, o Brasil emplacou 11 instituições entre as 600 melhores, atrás de países como China e Coreia do Sul (17 cada), Japão (27), França (25) e Alemanha (42). Sozinho, os Estados Unidos somaram mais de 100 citações no ranking.

“As recentes conquistas econômicas e educacionais do Brasil são notáveis. Ao mesmo tempo, o país precisa superar os desafios de manter o momentum e continuar desenvolvendo. O fortalecimento das relações entre as universidades e o setor privado pode apresentar uma grande oportunidade para o país”, diz Catarina Roscoe. “Além disso, o fortalecimento das parcerias entre universidades brasileiras e universidades internacionais pode desempenhar um papel fundamental na aceleração da criação e transferência de conhecimento.”

 

 

As 10 melhores universidades brasileiras segundo o ranking

2012

2011

Nome da instituiÇÃo

Posição

Posição

 

1

1

Universidade de São Paulo (USP)

3

3

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

8

19

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

13

10

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

14

14

Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS)

15

31

Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

17

16

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

18

15

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio)

25

11

Universidade de Brasília (UnB)

28

37

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC – SP)

Fonte: QS Quacquarelli Symonds

Recentemente, as universidades brasileiras foram destaque em outros rankings. Em um listagem elaborada pelo Times Higher Education (THE), a Unicamp e a Unesp figuraram entre as melhores instituições jovens do mundo (menos de 50 anos de existência). Em março, em outro ranking do THE, a USP apareceu em 70º lugar na lista das universidades com melhor reputação do mundo. Já o Academic Ranking of World Universities aponta que a universidade paulista é campeã na formação de doutores

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A INSANIDADE ELEITORAL E A FRAGMENTAÇÃO DA UNB


                    

                                                                Prof. Paulo Nascimento

                                                                Instituto de Ciência Política

 

Parece que o velho provérbio que reza que as coisas têm primeiro que piorar,  para depois começarem a melhorar, guarda toda sua atualidade. Chegamos ao ano de escolha do novo reitor com uma universidade dividida, na qual estudantes, professores e técnico-administrativos desconfiam uns dos outros, e diversos grupos, formados em torno de possíveis candidatos a reitor, criam um clima carregado de intrigas, boatos e acusações mútuas.

 

O sistema eleitoral de escolha do reitor é o responsável direto por essa fragmentação. São  as eleições que politizam e partidarizam  a comunidade acadêmica, transformando os reitoráveis em aprendizes de políticos, e a administração em objeto de uma  luta desenfreada pelo poder. Os possíveis méritos acadêmicos dos candidatos são substituídos pela capacidade de angariar votos a qualquer custo.

 

Não há forma de votação que possa tornar uma eleição adaptável à estrutura universitária. A proporção 70-15-15, que dá aos docentes um peso maior nas eleições, por mais justiça que faça à decisiva  responsabilidade que os docentes têm em uma instituição acadêmica,  é uma regra que não se coaduna com o espírito dos tempos. Depois de havermos superado o voto censitário e a exclusividade da votação masculina, e democratizado a sociedade em geral, como defender sem constrangimento, em pleno século XXI, uma fórmula eleitoral que torna alguns votos mais importantes que outros?

 

A única defesa possível da esdrúxula proporção 70-15-15 é que ela é respaldada pela lei. É um argumento poderoso, já que a obediência às leis, mesmo àquelas com as quais não concordamos, é  pedra de toque de uma democracia. Mas, ainda assim, é insuficiente para legitimar o voto desigual. E a maciça votação dos técnico-administrativos em favor da paridade comprova isso.

 

Por sua vez, a votação paritária, geralmente tida como mais democrática, também tem seus problemas. Da forma como ela é  apresentada na UnB,  não contempla um elemento básico da democracia moderna, que é o direito que possui o eleitor de ser eleito. Ou seja, o voto paritário é limitado se não vier acoplado à possibilidade de um técnico-administrativo, ou mesmo um estudante, concorrer e ser eleito para reitor. 

 

Mas se o sistema eleitoral suscita divisão e antagonismo, o reitor da UnB, professor José Geraldo de Sousa Júnior, torna a situação ainda mais difícil ao abrir mão da posição de árbitro que seu cargo exige, para tomar partido de um segmento em detrimento do outro. Desde sua eleição, quando não obteve apoio da maioria dos professores, o magnífico tem acusado o corpo docente de “hegemonismo” e se inclinado excessivamente para o lado dos estudantes, fazendo vista grossa para os excessos de alguns deles, e aprofundando dessa forma a cizânia entre os segmentos da universidade.

 

Os plebiscitos realizados na UnB apontaram que docentes e técnico-administrativos têm visões diferentes sobre as regras eleitorais para escolha do reitor.  O que deveria fazer o professor José Geraldo Júnior em uma situação dessas? Evidentemente, buscar acomodar de alguma forma as posições divergentes, ao invés de agir, como se viu na reunião do CONSUNI do dia 1º de junho, totalmente a favor dos interesses de um segmento, no caso os técnico-administrativos. Com isso, afastou-se ainda mais dos docentes. E também não teria agido corretamente se, ao contrário, tivesse contemplado totalmente os interesses dos docentes e ignorado os dos técnico-administrativos e estudantes.

 

Chegamos ao fundo do poço, e só podemos esperar que o próximo reitor  tenha um perfil conciliador que o ajude a juntar os cacos de uma comunidade desnecessariamente partida. No longo prazo, porém, devemos nos livrar desta insanidade eleitoral. Acredito que a formação de um comitê de busca, independente e capaz de aferir os méritos acadêmicos e a capacidade de gestão dos candidatos, seja a forma mais adequada de escolha do reitor.

 

UnB não atingirá as metas do Reuni estabelecidas há cinco anos

Notícia no Correio Braziliense:

Foto do Portal da UnB

No último ano do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a Universidade de Brasília (UnB) não executará a tempo as determinações estabelecidas há cinco anos. Até agora, 16 reformas e quatro obras foram entregues à comunidade acadêmica, mas cinco estão em andamento e outras, no Câmpus Darcy Ribeiro, no Plano Piloto, ainda precisam ser licitadas. Falta contratar também mais 100 professores para completar o quadro de docentes previsto no início de 2008.

A conclusão das obras se tornou um dos principais problemas para a UnB. Como o Reuni prevê um aumento do número de alunos a partir da criação de novos cursos e de vagas e a seleção de docentes e técnicos, foi preciso ampliar a estrutura física da universidade. “O programa exige infraestrutura adequada, laboratórios, condições em sala de aula. Mas foi tudo muito rápido, houve uma explosão de serviços e não tivemos tempo para fazer um planejamento. O plano chegou ao fim de 2007 e, no ano seguinte, já estávamos com um canteiro aberto”, comentou o decano de Ensino de Graduação, José Américo. Antes de o prazo acabar, ele destaca que o prédio de ciências políticas e de relações internacionais, dois blocos de salas de aulas e laboratórios das Faculdades de Saúde e Tecnologia devem ser entregues

Desde a implantação do programa, em 2008, o número de alunos saltou de cerca de 22 mil para aproximadamente 32 mil nos quatro câmpus — Darcy Ribeiro, Planaltina, Gama e Ceilândia. A quantidade de professores também aumentou. Foram contratados 967. Mas a realidade deve mudar. As previsões do decano de Ensino e Graduação sugerem que, até 2017, quando a primeira turma chegará ao último semestre e o quadro de alunos dos novos cursos ficará completo, haverá 50 mil estudantes e 2,6 mil docentes. “Contratamos 200 técnicos, mas a priorização da UnB foi para os professores, pois nossa carência é muito alta. O Reuni nos trouxe vários gargalos, faltam profissionais em algumas áreas que foram criadas ou ampliadas”, explicou José Américo.

Condições de trabalho
A meta do Reuni para a UnB é ter um professor para cada 18 alunos. Mas essa relação é questionada. Segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Claus Akira Matsushigue, esse número deve ser de um  para 10, como ocorre em outras instituições no mundo. “Em todas as instituições federais, a quantidade de docentes cresceu cerca de 30% enquanto a de alunos dobrou. Não adianta aumentar a quantidade de estudantes sem oferecer condições de trabalho para o professor. Estamos pressionados e com carga de trabalho muito maior. Na universidade, temos a obrigação de promover ensino, pesquisa e extensão”, explicou.

O presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb), Ebnezer Maurílio Nogueira da Silva, apontou diversos problemas desde a implantação do Reuni. “É grave montar um curso sem ter o prédio pronto, como ocorreu em Ceilândia. Os alunos têm aula em uma escola de primeiro grau e muitos vão se formar sem nunca ter entrado em um laboratório. No Gama, as atividades funcionavam dentro do fórum da cidade”, apontou. Segundo ele, no Câmpus Darcy Ribeiro, a situação não é diferente. “Há um caos completo no Restaurante Universitário e na Biblioteca, por exemplo”, citou.

“O Reuni é bom, mas não da maneira como foi administrado aqui na UnB. Nem metade das obras está pronta e a contratação de docentes não foi suficiente para atender à demanda dos novos alunos”, comentou o presidente da associação. Apesar das críticas, Ebnezer acredita que o programa pode mudar a realidade daqueles que não têm condições de entrar em uma universidade pública. “O programa possibilitou que mais alunos pudessem entrar na universidade, mas não podemos esquecer que ela é pública, gratuita e de qualidade. Não é só colocar as pessoas dentro da sala de aula. A UnB era a quarta melhor do país, hoje, ocupa a 14ª posição”, completou o professor.

Expansão
O Reuni também proporcionou a criação de 28 cursos, boa parte deles nos câmpus fora do Plano Piloto. A expansão da universidade foi firmada em um convênio com o Governo do Distrito Federal (GDF), mas a parte do plano que cabia à UnB veio do programa do governo federal. As obras ainda não ficaram prontas. O estudante do primeiro semestre de terapia ocupacional Kennedy Ferreira Bonifácio, 17 anos, morador do Gama, acredita que se o Reuni não fosse implantado, ele não teria a chance de ingressar em uma universidade pública. “Nunca imaginei que entraria na UnB. Oprograma proporcionou um maior número de vagas e a oportunidade aumentou”, opinou. Kennedy estuda no campus de Ceilândia.

Para Renata Nobre, 18 anos, moradora do Novo Gama e colega de Kennedy, a expansão da UnB facilitou o acesso à universidade para aqueles que moram fora de Brasília. “Gerou muitas oportunidades, principalmente para quem não tem como ir ao Plano Piloto”, disse. Ela acredita, no entanto, que a expansão deveria acompanhar a qualidade da instituição. “Como o prédio não está pronto, só temos uma aula no câmpus. Os laboratórios também estão fechados e falta estrutura adequada para nos atender”, lamentou.

“O programa exige infraestrutura adequada, laboratórios, condições em sala de aula. Mas foi tudo muito rápido, houve uma explosão de serviços e não tivemos tempo para fazer um planejamento”

José Américo,
decano de Ensino de Graduação

» O que diz a lei
Criado pelo Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) objetivou a ampliação do acesso e a permanência dos jovens na educação superior. Entre as metas do programa estão a redução das taxas de evasão, a ocupação de vagas ociosas e o aumento de postos para o ingresso na universidade, além da revisão da estrutura acadêmica com a reorganização dos cursos de graduação e a atualização de metodologias de ensino e de aprendizagem. A partir de apresentação dos planos de reestruturação, o Ministério da Educação (MEC) destinou recursos financeiros para cada instituição construir e readequar a infraestrutura, comprar bens e serviços e custear despesas com pessoal.